quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Sobremesa eu tenho, só me falta o Glamour!

Paris, segunda semana

Bonjour, leitores!

No concerto realizado no último domingo encontramos uma antiga corista do Samuel (meu marido). Enquanto ele guardava as coisas, limpava a flauta e coisas do tipo, ela me abordou e perguntou se era esposa do Samuel. Entendi o francês, respondi, e elaborei algumas perguntas também. Ela era tão gentil e tão compreensiva do meu sotaque, que me esforcei para continuar a conversa. Obviamente ela falava muito mais do que eu, mas demonstrava muita paciência para me esperar raciocinar.
Meu repertório estava quase acabando e meu marido não aparecia. Ele toca flauta transversal, um instrumento pequeno, que cabe em uma mochila, relativamente simples de guardar. Fiquei imaginando que se ele tocasse tuba ou bateria eu já teria cometido um homicídio da língua francesa com aquela senhora. Cadê ele, gente? Ficamos quase naquela típica situação do elevador, sabe? Você não sabe para onde olha, dá um sorriso amarelo, comenta sobre o tempo lá fora, etc...
Samuel chegou, e papo vai e papo vem, ela nos convidou para um jantar no dia seguinte. Fiquei toda animada, isso significaria conhecer um lado mais nobre da cidade e também conhecer a rotina de uma típica parisiense. Eles falavam francês, claro, e entre uma frase e outra eu ouvi: “Depois levo vocês de carro”. O que? Eu ouvi bem? Andar de carro em Paris? Uhuuuuuuu! Que sonho, que glamour! Não julgue a minha superficialidade, é que eu nunca tive essa oportunidade. Carro não é coisa de suburbana, sempre andei no transporte público aqui. Aliás, descobri que as francesas são magras ou de pernas definidas porque anda-se muito por aqui nas ruas, nas baldeações do metrô, e quase todas as estações do metrô possuem escadas (não rolantes). Isso significa: descer e subir muitas vezes = uma perna definida = tchau Pugliese.

No dia seguinte eu fui ao MERCADO (para variar) e aproveitei para comprar uma sobremesa e um suco para levar no jantar. Já que é para visitar à sociedade parisiense, vamos ser educados, né? Meu marido chegou em casa e olhou o que eu comprei. A sobremesa, ok (era tipo um bolo sorvete). Mas o suco... Descobri que eu comprei o X-Tapa francês. Não leve a mal, eu já tomei muito X-tapa na vida comendo pastel, mas, eu errei! Não dá para levar X-tapa num jantar desse. Passamos no mercado e ele escolheu uma marca melhor.

Chegamos à casa dela! Que casa bonita! Não era grande, mas a decoração possuía muitos quadros e souvenirs, com fotos da família e também livros. Isso é um dom dos franceses, transformar um ambiente pequeno em algo acolhedor e bem decorado. Diferentemente do Brasil, a TV não é a peça central da sala. Havia uma TV na sala, mas tão escondida que eu demorei para reparar. A casa fazia parte dela e sua personalidade estava impressa em cada detalhe. Algo muito legal de explorar. Minha questão era ter muita concentração para não esbarrar e derrubar nada, ou seja, controlar milimetricamente meus movimentos. Entretanto, enquanto conversávamos ela nos mostrou um porta-retratos de prata (ou imitação de prata), com a foto de suas filhas. Fui colocar de volta no lugar e derrubei o objeto na mesa. Samuel olhou com cara de pânico para mim. Mas, não quebrou nada e tudo ficou ileso (inclusive meu casamento).

O típico jantar francês teve: muita conversa nos sofás da sala, durante um “couvert”. Depois passamos para a mesa e tivemos o prato principal: almôndegas, alcachofras cozidas e arroz. Depois disso, veio o prato derradeiro: uma salada de folhas verdes escuras (não sei o nome daquilo), junto com uma baguete e dois tipos de queijos. Nessa hora, fui cortar a baguete com uma faca que na verdade era um canivete. Coloquei o lado errado e quando forcei, a parte cortante veio na minha mão. Que susto! A dona da casa ficou olhando, com medo de eu ter que ir para o hospital (só faltava essa, hein, gente?). Mas não aconteceu nada dessa vez, também. Obrigada Jesus! Obrigada Senhor Deus dos pobres sem nenhuma classe, como eu sou.   
Voltando ao Menu, por último foi a sobremesa: uma salada de frutas e o bolo sorvete que levamos. Cada prato foi servido em uma louça diferente e eu fiquei calculando quanta coisa aquela mulher lavaria depois... São  3 pratos para 3 pessoas, mais os recipientes da comida, mais os talheres, os copos (dois para cada pessoa: um para suco e outro para água). Uau! Ainda bem que o jantar não foi na minha casa!

Durante o jantar estava bem concentrada em todo aquele francês. Mas o jantar acabou, voltamos para os sofás e o papo francês continuou. Prestar atenção e raciocinar daquele jeito é muito cansativo. Então, foi me dando sono... Eu fui me acomodando bem no sofá, e olhava para o Samuel e a senhora conversando. O que eu escutava era em câmera lenta: Blá... blá... bláaaaaaaa. Eu não entendia mais nada! Só me concentrava para não dormir ali na frente dos dois e para parecer totalmente entendida da conversa. 
Depois de algum tempo, levantamos para ir embora, e ela cumpriu a promessa. Disse que nos levaria de carro. Ai meu Deus, que emoção! Entrei no carro, e andei pelas ruas da cidade como se fosse uma boba! Avistei a torre Eiffel toda iluminada e quase chorei. Quanta bobagem romântica, né? Mas, deixa eu ter um pouquinho de imaginação na minha realidade... Agora sim avistei a cidade das luzes.

Au revoir, gente!
Beijos da suburbana



sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Ficção Científica = Banheiro em Paris

Paris, segunda semana

Enquanto meu curso de francês não começa, tenho investido meu tempo em coisas muito úteis, como por exemplo futricar a vida dos outros no Facebook, contar quantos quadrados há no azulejo da cozinha, olhar pela janela a movimentação da rua, etc... Tô brincando! Nesses dias tenho me dedicado à cozinha, à casa e ao meu marido (claro!). Na cozinha fiz uma omelete e também um macarrão com molho vermelho e frango, muito razoáveis. Deu para sobreviver e não morrer de fome! Em casa, me surpreendi com a praticidade de um aspirador de pó. Achei genial o botãozinho de puxar o cabo elétrico de volta e também adorei a possibilidade de emanar PODER sobre as sujeiras. Eu olhava para elas e me sentia uma JEDI. Então eu apontava minha arma de sabre de luz (o aspirador) e falava comigo: “Hívina, lembre-se que a FORÇA está com você”.  Pronto! Ganhei a batalha contra a sujeira. 
Desculpe minha imaginação. É que nesses dias eu também cismei de assistir toda a Saga do Star Wars. Eu nunca assisti os filmes antigos, e também nunca me interessei tanto. Só que assisti o primeiro filme (Episódio IV) e agora estou curiosa. Já assisti o Episódio V e comecei o VI. Tem umas coisas bizarras nesses filmes, né? Os alienígenas muito esquisitos, os androides sendo o núcleo cômico do filme, além dos personagens humanos estarem no espaço e respirarem normalmente em muitos lugares. Ah, também achei bem estranho o IMPÉRIO aniquilar alguns planetas com a tal arma poderosa em 5 segundos e matar todo mundo. Isso me lembrou mais a realidade cruel do Quentin Tarantino, só que sem aquele monte de sangue.

Saindo da ficção e voltando para a realidade, eu também fiz muitas coisas acompanhando o meu marido. Fomos a um concerto em uma igreja linda, que ele tocou. E também, claro, fomos ao... SUPERMERCADO!!! 
Samuel (meu marido) precisava resolver algumas coisinhas, então, me deixou no mercado para eu ir escolhendo tudo, e nos encontraríamos em frente ao caixa para ele me ajudar no pagamento em cartão (eu estava com apenas 15 euros). O detalhe é que eu estou sem celular, então, nada de contato telefônico. Tem que ser como da maneira antiga, tempos pré-tecnologia, onde combinou algo, cumpriu! 
Estava eu lá na fileira dos congelados quando minha barriga me enviou um sinal. Passei para a fileira dos doces e o ignorei. Quando fui para a fileira dos produtos de beleza o mesmo sinal voltou mais forte, dessa vez de forma bem “substancial”. É isso mesmo, gente! Eu precisava ir ao banheiro! Muitas questões surgiram em minha cabeça: “1- Largo tudo e saio correndo para casa? Não, como avisarei o Samuel? 2-Compro tudo, espero o Samuel e vamos procurar um banheiro? Não, não dá tempo. 3- Como vou perguntar em francês se aqui tem banheiro? 4- O que eu peguei no carrinho dá para pagar com 15 euros? 
Pensei rapidamente e fui para os caixas rápidos (aqui existe uma modalidade “passe você mesmo sua compra”. Você passa tudo no computador deles, e paga na máquina. Geralmente é uma ótima opção porque não tem filas e é bem rápida). No caixa rápido perguntei para a funcionária se ela falava inglês. Ela disse que não. Então, soltei meu francês desesperado: “S’il vous plâit, je voudrais aller toilette.” (Por favor, eu gostaria ir banheiro). Sei que faltou preposição e tudo mais, mas eu olhei com cara de desesperada e orei para ela entender. Ela entendeu e me apontou o andar de cima. Claro! O supermercado ficava em um mini shopping, então, tinha banheiro lá em cima. 
Fui passar minha compra no caixa rápido e... não estava funcionando! Lá fui eu para a fila de outro caixa. Enquanto esperava, calculei se a minha compra daria 15 euros e tentava lembrar do preço exato das coisas. Quando fui passar no caixa, deu mais de 15. Ahhhhh, mais essa! Fiquei chateada, mas dispensei dois itens e deu certo. Fiquei com 2 euros e pouquinho de troco.
Coloquei tudo na sacola e corri. Subi as escadas, dei uma volta no andar e... NADA! Ai, Deus, era no terceiro andar! Cheguei finalmente no banheiro e... TINHA QUE PAGAR 50 CENTAVOS!!!!! Como assim, gente, eles fazem as pessoas pagarem por só usar o banheiro? Que saudade do supermercado no Brasil onde ir ao banheiro era de graça! Ou, será que embutem isso no preço das mercadorias? Pode ser que tenha até o “Imposto do Cliente no Banheiro”
Voltando à minha vida fisiológica, “Obrigada Deus por eu ter troco do supermercado”. Coloquei a moeda na maquininha e entrei no banheiro. Olho para a parede e CADÊ O PROTETOR DE ASSENTO? Tinha o suporte, mas nada da folha. Gente, EU TÔ PAGAAAAAANDO, qual é? Vai de papel higiênico mesmo! O rolo estava tão difícil de puxar que eu pensei que fizeram um complô contra mim, ou então, que era pegadinha do Silvio Santos.

Nunca pensei que ir ao banheiro desse tanto trabalho. Agora eu dou risada, mas na hora... Acho que todo mundo passou por isso alguma vez na vida. Ficamos tão vulneráveis! 

Meu marido já estava desesperado me esperando no caixa. Eu disse a ele que os alienígenas me sequestraram e me torturaram não deixando que eu usasse o banheiro. Mentira! Eu contei toda a verdade. Ele não ficou bravo, porque com essa questão de banheiro, ninguém brinca (ou briga)! Afinal, histórias de banheiro não são Ficção Científica...

Até mais, gente!
Beijos da Suburbana



terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Cozinhar, Andar & Gelar

Paris, 5º e 6º dia

Domingo em Paris, domingo no parque. Quer dizer, se tivesse calor, né? Mas não estava. Resolvemos ir à igreja e o itinerário precisava de dois ônibus. Mas, sem problemas, uai! Aqui é o país do transporte que funciona! Pegamos o primeiro ônibus, tudo certo, claro! Ficamos esperando o segundo ônibus, que demoraria 11 minutos segundo o já elogiado cronômetro do abrigo. Quando eu já estava feliz que o cronômetro zerou, porque estava bem friozinho, o ônibus não apareceu e o cronômetro foi para 18 minutos... WHAT??? Como assim, gente? Até aqui esse negócio de ônibus no final de semana é complicado? Nos atrasamos muito e resolvi voltar para casa.

Samuel foi para um ensaio (para variar!) e eu fiquei em casa fazendo hora. O que eu poderia fazer? Pensei em fazer exercício físico, mas sem chance eu sair para andar na Cidade Universitária (bem próxima daqui) nesse frio. Fiquei pensando até que tive a genial ideia de... COZINHAR! Já posso ouvir um “que o Senhor proteja as panelas, o fogão e tudo o mais que ela puser a mão”.
Então, eu peguei a sobra do arroz do dia anterior, abri meu belo livro da Dona Benta (obrigada, Glaucia!) e abri na página dos “bolinhos de arroz”. Faltava alguns ingredientes, mas mesmo assim, vamos lá! Dizem que o melhor ingrediente é o amor. Cozinhei o arroz no leite e depois coloquei farinha e ovos. No lugar do queijo parmesão eu usei emmenthal pois é o que tinha em casa. Não tinha noz moscada e nem salsinha, então eu coloquei a pimenta que tinha aqui. Pensei em colocar o tempero baiano que minha sogra usa mas fiquei com medo e não coloquei (nada contra, viu, sogrinha?). Também pensei em ir no quintal pegar uns matinhos só para ter algo verde no bolinho, mas desisti. Mentira, gente, eu não iria colocar capim no bolinho.
Vamos à parte complicada: eu não tinha óleo, só manteiga. Meu marido disse que era só substituir, que não tinha problema. Mas ele só queria me animar, porque não deu certo como deveria não. A manteiga não era suficiente, então na hora de fritar, não ficou tão bonito, né? Mas, olha, apesar de tudo, fiquei feliz com o resultado e até tirei uma foto. Meu marido comeu e gostou. Acho que o amor é cego e também sem paladar. Podem pedir perdão ao Senhor todos vocês que julgaram que a cozinha estaria destruída...




Na segunda-feira, tomamos uma decisão que iria mudar minha vida aqui em Paris: eu iria fazer um NAVIGO. Esse negócio é o Bilhete Único daqui e você pode carregar pela semana, ou pelo mês e ano. Pagando a taxa, você utiliza o transporte quantas vezes quiser no dia. Sabe o que isso significa? LIBERDADE!!! Estou exagerando, mas é legal sim! Todo mundo se sente francês com esse tal de NAVIGO. Com ele você passa rápido na catraca, faz cara de nativo sabe tudo, e pronto!

Meu marido delegou a missão de eu ir sozinha fazer esse negócio. Ensaiamos o discurso em francês, eu coloquei uma roupa legal e saí toda bonita. Eu andei bastante a pé para chegar na estação porque o melhor lugar não era na estação aqui pertinho. Atravessei toda a cidade universitária daqui, acho que deve dar uns 5 km. Mentira, dá uns 800 metros até lá só de ida. Cheguei no balcão, e falei direitinho: “Bonjour, s’il vous plâit, je voudrais faire une carte de Navigo” (bom dia, por favor, eu gostaria de fazer um cartão Navigo). A funcionária me olhou e entendeu meu francês! Me perguntou se eu tinha levado os documentos necessários. Eu entendi e entreguei tudo para ela. Ela me olhava, olha os documentos e me olhada de volta. Aí, eu percebi que tinha levado um documento errado! Ai, meu Deus! Ela não aceitou fazer o cartão, claro! E ficou me olhando com cara de desconfiada. Minha senhora, eu sou honesta, viu? E então, eu cantei: “você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui...” Mentira, não cantei não. Mas eu voltei todo o percurso morrendo de frio. Eu simplesmente não sentia o meu nariz! Coloquei o cachecol cobrindo o rosto inteiro, só dava para ver os olhos. Descobri que para mim não há glamour no frio. Fiquei brega, mas quentinha.
Cheguei em casa, tomei um chá para me aquecer, e depois voltei na estação com o documento correto. Fiquei chateada de ter que voltar lá, afinal eu não prestei atenção. Mas, pensando pelo lado positivo eu faria o meu exercício do dia. Calculando 800 metros por 4 dá um bom percurso. Que Pugliese que nada! Eu mesma monto meu programa de exercícios, basta esquecer sempre alguma coisa.  

Resultado da missão "Navigo": Sucesso! Consegui o cartão, venci o frio e fiz exercício físico. Vou ali desfrutar da liberdade de ir e vir do transporte francês e já volto para contar mais.

Beijos da Suburbana!

domingo, 17 de janeiro de 2016

Hábitos & Roupas

Paris, 3º e 4º dia

O primeiro fim de semana chegou! Na sexta-feira, o que eu fiz? Nada! Quer dizer, apenas tarefas de casa tranquilas. Chegou o sábado e resolvemos sair de casa, afinal como diz a música: “Todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite...” Minhas amigas do colégio conhecem bem essa trilha... (Né, Marcella, Juliana, Bim e Esther?)

Saímos de casa com 5 graus Celsius. Coloquei: calça legging, calça jeans, meia fina ¾, meia grossa, botas, camisa de malha de manga comprida, blusa fechada, casaco de lã, cachecol de lã, boina, luvas. Fiquei enorme com tudo isso e pensei se minha poupança brasileira caberia no assento do transporte. Pensa bem, o assento do ônibus é feito pensado no tamanho das pessoas daqui. Acho que deve ser assim, né? Mas como eles tiraram essa média? Será que tinha gente na saída do metrô fazendo pesquisa? “Com licença, senhora, por favor dê uma viradinha que eu medirei algo muito importante para o governo francês, o tamanho da sua …”

Pegamos o ônibus para um bairro perto da Rua Rivoli (dentro do ônibus tirei a luva, o cachecol, a boina e o casaco). Eu conheço bem essa rua porque é a rua das compras legais (Forever 21, H&M, C&A, Zara, Mango, MAC, Sephora, etc). Meu marido sempre torce para eu esquecer que essa rua existe, mas ela já foi gravada na minha memória de longo prazo. Descemos do ônibus e eu coloquei toda a roupa de frio. Fomos à esta região pesquisar preço de...  Eletrodomésticos! Eu esperava quase tudo de um sábado à noite em Paris, menos pesquisar preço de coisas para casa. Mas, essa é minha vida de suburbana, então, vamos lá! Lá fomos nós nas Casas Bahia e no Ponto Frio franceses (entrar em cada loja significa tirar as luvas, o cachecol, a boina e o casaco). Vimos o preço de várias coisas, como Máquina de lavar roupa, micro-ondas, aspirador de pó, UM CASACO LINDO NA MANGO... Ops, foco, Hívina, nada de casaco.

Depois da pesquisa toda, veio a bonança. Chegou a hora de jantar, e fomos procurar lugar para comer. Aqui o cardápio dos restaurantes fica na porta, então, você olha o que eles oferecem e também checa o preço, para ver se é acessível. Vimos um restaurante tão acessível que estava bom demais para ser verdade. Meu marido quis logo ir entrando, claro. Eu fiquei desconfiada e olhei dentro. Não tinha NINGUÉM! Eu disse: “Não vou comer aí não, não tem ninguém! ”
Vocês já fizeram isso? Acharam que um lugar é ruim porque ninguém foi, ou coisa parecida? Eu tenho uma porção de teses comprovadas cientificamente pela cabeça doida da Hívina. O fato é que fomos no restaurante seguinte, que tinha gente dentro. Ao entrar no restaurante, lá vamos tirar todo o excesso de roupa de frio. Ah, a comida estava boa!

Saímos de lá (colocamos toda a roupa de frio) e fomos ao... ao... ao... SUPERMERCADO! De novo, gente! As coisas acabam do nada, que coisa! Quando eu era solteira eu presenciava mais milagres da multiplicação, como por exemplo ver a pasta de dente acabando num dia e ter uma novinha no dia seguinte. Isso não é incrível? Ah, o rolo do papel higiênico também nunca acabava! Não sabia que casar traz tanta falta de milagre assim. Mãe, obrigada por seu meu milagre por todos esses anos. Falando na minha mãe, o comentário dela mais veemente sobre o meu blog foi que o liquidificador dela não era velho como eu disse no post “Turbulências & Matt Damon”.  Estou com a moral bem baixa, viu...

Chegamos em casa e percebi que o que eu mais fiz no sábado inteiro foi... tirar e pôr roupas de frio. Pode parecer bobagem, mas mudar de país pode transformar e criar novas pequenas rotinas, inda que essas soem banais. O interessante é que no final das contas essas mudanças de hábito mudam todo o seu dia e a sua vida.
Vou tentar mudar mais hábitos e talvez eu entre em restaurantes vazios. 
Como inspiração, vou lembrar do filme da Whoopi Goldberg, “Mudança de Hábito”. Essa daí foi bem radical.

Até mais, gente!

Abraços da Suburbana


sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Galeto da Sorte

Paris, 2º dia

Hoje foi dia de compras! Êeeeee! Mas, espera aí, não são compras dessa forma, são compras de supermercado. Posso ouvir um: Ahhhhhhhhhh! Samuel, meu marido, foi trabalhar (alguém precisa sustentar meu semestre sabático, uai), e fez um mapa do local do mercado, além de explicar como fazer para chegar lá. Peguei o ônibus e tenho que dizer que amo os pontos daqui. A maioria tem abrigo e todos informam o itinerário dos ônibus que ali passam. Ah, uma coisa espetacular para uma obsessiva como eu: há um relógio com o tempo que o próximo ônibus e o seguinte demorarão para passar. OMG! Isso é incrível, eu admito! Enfim, esperei 1 minuto e peguei o ônibus. Dentro do ônibus, olhei o nome das paradas e parecia que estava na direção contrária. Dei sinal e desci no próximo. Lá, percebi que eu estava certa, eu que me atrapalhei com tanta informação. Esperei 11 minutos e subi no próximo. Fui colocar o mesmo bilhete para validar e... não passou! Geeenteeee, que saudade do BILHETE ÚNICO!!!! Paguei uma passagem a mais e fiquei calculando quantos Reais eu perdi durante o caminho. Ainda não consigo não converter a moeda e multiplico tudo por 4,5 ou 5,0. Se eu tiver fazendo conta errada, deixem eu continuar me iludindo! Mentira, me expliquem direito como funciona.

No ponto final do ônibus eu desci e segui o mapa do meu marido. Acontece que o mercado não chegava. Eu “Andei, andei, andei, até encontrar...”, como canta Chitãozinho e Xororó (quem é o pai do Sandy Junior? Eu sempre confundo.). Fiquei com raiva do meu marido, eu confesso! Que mapa mais simples, para um lugar tão complicado, num cruzamento de mais de duas avenidas grandes, passando trem no meio, ônibus, etc. Fiz o caminho da volta e resolvi tentar me comunicar com a gente dessa terra. Primeira tentativa, levantei a mão para perguntar, e o cara nem deixou eu falar, levantou as mãos e apontou para o celular. BAHHHH! (não é gíria gaúcha, é a tentativa de imitar o som de uma campainha – onomatopeia, certo?) Primeira tentativa errada. Na segunda tentativa, uma moça viu minha cara de desespero e perguntou se eu falava inglês. Ô Glória (Virei semi assembleiana)! Por fim, ela me indicou o caminho correto.

Comprei tudo direitinho e carreguei tudo também, na minha própria sacola reciclável. Aqui cada um leva suas sacolas. Quem não tiver, tem que comprar no mercado. O ponto do ônibus era bem perto. Ou seja, andei muito à toa e o mapa do meu lindo marido estava certíssimo. Mas para aumentar meu drama, estava chovendo. Fiquei com mais raiva ainda por não poder pôr a culpa nele e enfim, engoli meu orgulho.

Depois das compras, eu fiz comida! “Aaaaaaleluia, Aleluia, Aleluia...” Não vou contar como ficou, esqueçam! E depois do jantar, acompanhei Samuel no ensaio do coral que ele é regente. É o coral de uma das universidades aqui, e tem muitos velhinhos. Fofos, gente! No final do ensaio, eles comemoraram o “dia de Reis”, com uma tradição que é o “Galette de Rois”. Galette não é um GALETO, como eu pensei primeiramente, ok? Pensei: “eles vão comer frango aqui, essa hora? Falta só a farofa e eu tô no Brasil!!” Mas não, esse negócio é um bolo ou torta, e eles colocam um bonequinho dentro, para simbolizar algum presente dos Reis Magos (isso eu pesquisei, ninguém me contou não). Quem pegar o pedaço com o bonequinho terá SORTE, como diz a tradição. E... adivinha quem pegou o pedaço? Quem, quem quem? EU! Você tem que colocar uma coroa de papel na cabeça como forma de comemoração. O fato é que depois de um dia cheio de confusões, eu ainda tive que pagar esse mico. Mas tudo bem, o dia terminou em Sorte.


Sorte (cristã) para todos vocês em 2016.

Beijos da suburbana.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Turbulências & Matt Damon

Paris, 1º dia 

Cheguei à cidade das luzes! Mas não vi nenhuma, porque o que eu fiz até agora foi pegar o RER (trenzão tipo Osasco) por quase uma hora e depois dormir. Agora são 20h49min aqui.
Eu e meu digníssimo marido conseguimos, por um milagre, um vôo direto da TAM, o que melhorou muito nossas vidas. Afinal, estávamos com 4 malas grandes, a mala de bordo, a mochila dele e a minha bolsa (tipo aquelas de vó, que tem tudo dentro: leque, remédio para o ciático, água, lenço, óculos de farmácia, e balinhas para o hálito). Mentira! Minha bolsa não tinha nada disso. Mas confesso que trouxe o liquidificador velho da minha mãe em uma das malas, e dentro dele tinha um pijama meu e uma bolsa pequena. Não me julgue, nessas horas você faz quase tudo por um espacinho na mala, mesmo que seu pijama quase vire sopa.

O voo teve muita turbulência! E eu fui inventar de assistir aquele novo filme do Matt Damon, que ele fica preso em Marte (desculpe o spoiler para você que não assistiu). O fato é que esse filme é meio traumático, um cara é deixado em Marte em uma missão da NASA, porque seus colegas acharam que estaria morto. Ele fica sozinho, e sem contato com a Terra por um bom tempo, o que o leva a fazer coisas bizarras, mas de alguém muito NERD, tipo, fazer uma plantação de batata usando a terra de Marte, água feita quimicamente e o cocô dele e dos amigos como adubo. Eca! Desnecessária essa parte do cocô, eu sei, mas EU PRECISAVA FALAR PRA ALGUÉM!!!! Enfim, assistimos o filme em meio à turbulência, e eu fiquei fantasiando se usaria meu cocô para plantar alguma coisa se o avião caísse e ficássemos presos em uma ilha deserta. Acho que eu não usaria não... E você, usaria o seu? E talvez o do Leonardo DiCaprio, da Kate Middleton, ou o da Rihanna? Desculpe te lembrar que essas pessoas também têm necessidades...

Voltando à vida real, ao chegarmos em nossa estação de trem, desembarcamos, e... o elevador da estação estava quebrado! Isso também acontece aqui, gente! Então, meu cavalheiro marido subiu duas malas grandes e foi levando-as para a nossa casa de hospedagem (que é bem pertinho da estação). Enquanto isso, eu fiquei esperando com as outras 3 malas. Fui indo devargarzinho, e fui tentar subir as escadas, quando, dois homens apareceram do nada, olharam para minha cara e apontando para a mala me disseram um negócio que o meu francês básico não captou... Só sei que eles levaram as duas malas grandes escadas acima, e me entregaram bonitinhas lá. Eu só tive que levar a pequena. Obrigada, meu Deus, por não precisar carregar malas! Meu marido voltou e eu inicialmente dei uma de Hulk e falei que carreguei tudo. Depois, como sou crente e sinto culpa, contei a verdade, e agradeci por ser mulher. Isso é machismo ou feminismo? Nenhum! Isso é cavalheirismo, pronto, decidi sozinha.

Por hoje é só! Dia a dia vou vivendo e quiçá compartilho mais por aqui. Ainda não sei o cronograma de atividades aqui, e nem estou pensando muito, sabia? Minha psicóloga diria que é um grande avanço para alguém como eu...

Beijos da suburbana em Paris,
Hívina






Quem sou eu

Hívina é o meu nome!

Não me pergunte o significado, eu também não sei! Ah, seja gentil e me diga se você descobrir.

Sou brasileira, tenho 27 anos e acabei de me casar! Meu marido é lindo, charmoso, músico (isso pode soar bom ou ruim, interprete como quiser), e me trouxe para morar com ele em Paris. Namoramos à distância por longos 3 anos, e depois de pensar, pensar, pensar e pensar, decidimos que nossa vida de casal iniciaria na França.

Não ache que a vida é glamour não, viu... Lá fui eu pedir demissão do meu emprego legal, deixar meu cafofo feliz, minha linda mãezinha, o guaraná Antártica, a coxinha de frango, a farofa da Yoki, e o feijão carioca... Tudo isso e muito mais para começar do zero por aqui. Lá vou eu aprender francês naqueles cursos de iniciante.

E assim, me tornei uma “suburbana em Paris”. Se quiser saber meus perrengues, é só me acompanhar!