terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Cozinhar, Andar & Gelar

Paris, 5º e 6º dia

Domingo em Paris, domingo no parque. Quer dizer, se tivesse calor, né? Mas não estava. Resolvemos ir à igreja e o itinerário precisava de dois ônibus. Mas, sem problemas, uai! Aqui é o país do transporte que funciona! Pegamos o primeiro ônibus, tudo certo, claro! Ficamos esperando o segundo ônibus, que demoraria 11 minutos segundo o já elogiado cronômetro do abrigo. Quando eu já estava feliz que o cronômetro zerou, porque estava bem friozinho, o ônibus não apareceu e o cronômetro foi para 18 minutos... WHAT??? Como assim, gente? Até aqui esse negócio de ônibus no final de semana é complicado? Nos atrasamos muito e resolvi voltar para casa.

Samuel foi para um ensaio (para variar!) e eu fiquei em casa fazendo hora. O que eu poderia fazer? Pensei em fazer exercício físico, mas sem chance eu sair para andar na Cidade Universitária (bem próxima daqui) nesse frio. Fiquei pensando até que tive a genial ideia de... COZINHAR! Já posso ouvir um “que o Senhor proteja as panelas, o fogão e tudo o mais que ela puser a mão”.
Então, eu peguei a sobra do arroz do dia anterior, abri meu belo livro da Dona Benta (obrigada, Glaucia!) e abri na página dos “bolinhos de arroz”. Faltava alguns ingredientes, mas mesmo assim, vamos lá! Dizem que o melhor ingrediente é o amor. Cozinhei o arroz no leite e depois coloquei farinha e ovos. No lugar do queijo parmesão eu usei emmenthal pois é o que tinha em casa. Não tinha noz moscada e nem salsinha, então eu coloquei a pimenta que tinha aqui. Pensei em colocar o tempero baiano que minha sogra usa mas fiquei com medo e não coloquei (nada contra, viu, sogrinha?). Também pensei em ir no quintal pegar uns matinhos só para ter algo verde no bolinho, mas desisti. Mentira, gente, eu não iria colocar capim no bolinho.
Vamos à parte complicada: eu não tinha óleo, só manteiga. Meu marido disse que era só substituir, que não tinha problema. Mas ele só queria me animar, porque não deu certo como deveria não. A manteiga não era suficiente, então na hora de fritar, não ficou tão bonito, né? Mas, olha, apesar de tudo, fiquei feliz com o resultado e até tirei uma foto. Meu marido comeu e gostou. Acho que o amor é cego e também sem paladar. Podem pedir perdão ao Senhor todos vocês que julgaram que a cozinha estaria destruída...




Na segunda-feira, tomamos uma decisão que iria mudar minha vida aqui em Paris: eu iria fazer um NAVIGO. Esse negócio é o Bilhete Único daqui e você pode carregar pela semana, ou pelo mês e ano. Pagando a taxa, você utiliza o transporte quantas vezes quiser no dia. Sabe o que isso significa? LIBERDADE!!! Estou exagerando, mas é legal sim! Todo mundo se sente francês com esse tal de NAVIGO. Com ele você passa rápido na catraca, faz cara de nativo sabe tudo, e pronto!

Meu marido delegou a missão de eu ir sozinha fazer esse negócio. Ensaiamos o discurso em francês, eu coloquei uma roupa legal e saí toda bonita. Eu andei bastante a pé para chegar na estação porque o melhor lugar não era na estação aqui pertinho. Atravessei toda a cidade universitária daqui, acho que deve dar uns 5 km. Mentira, dá uns 800 metros até lá só de ida. Cheguei no balcão, e falei direitinho: “Bonjour, s’il vous plâit, je voudrais faire une carte de Navigo” (bom dia, por favor, eu gostaria de fazer um cartão Navigo). A funcionária me olhou e entendeu meu francês! Me perguntou se eu tinha levado os documentos necessários. Eu entendi e entreguei tudo para ela. Ela me olhava, olha os documentos e me olhada de volta. Aí, eu percebi que tinha levado um documento errado! Ai, meu Deus! Ela não aceitou fazer o cartão, claro! E ficou me olhando com cara de desconfiada. Minha senhora, eu sou honesta, viu? E então, eu cantei: “você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui...” Mentira, não cantei não. Mas eu voltei todo o percurso morrendo de frio. Eu simplesmente não sentia o meu nariz! Coloquei o cachecol cobrindo o rosto inteiro, só dava para ver os olhos. Descobri que para mim não há glamour no frio. Fiquei brega, mas quentinha.
Cheguei em casa, tomei um chá para me aquecer, e depois voltei na estação com o documento correto. Fiquei chateada de ter que voltar lá, afinal eu não prestei atenção. Mas, pensando pelo lado positivo eu faria o meu exercício do dia. Calculando 800 metros por 4 dá um bom percurso. Que Pugliese que nada! Eu mesma monto meu programa de exercícios, basta esquecer sempre alguma coisa.  

Resultado da missão "Navigo": Sucesso! Consegui o cartão, venci o frio e fiz exercício físico. Vou ali desfrutar da liberdade de ir e vir do transporte francês e já volto para contar mais.

Beijos da Suburbana!

9 comentários:

Obrigada por participar!

Hívina