quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Sobremesa eu tenho, só me falta o Glamour!

Paris, segunda semana

Bonjour, leitores!

No concerto realizado no último domingo encontramos uma antiga corista do Samuel (meu marido). Enquanto ele guardava as coisas, limpava a flauta e coisas do tipo, ela me abordou e perguntou se era esposa do Samuel. Entendi o francês, respondi, e elaborei algumas perguntas também. Ela era tão gentil e tão compreensiva do meu sotaque, que me esforcei para continuar a conversa. Obviamente ela falava muito mais do que eu, mas demonstrava muita paciência para me esperar raciocinar.
Meu repertório estava quase acabando e meu marido não aparecia. Ele toca flauta transversal, um instrumento pequeno, que cabe em uma mochila, relativamente simples de guardar. Fiquei imaginando que se ele tocasse tuba ou bateria eu já teria cometido um homicídio da língua francesa com aquela senhora. Cadê ele, gente? Ficamos quase naquela típica situação do elevador, sabe? Você não sabe para onde olha, dá um sorriso amarelo, comenta sobre o tempo lá fora, etc...
Samuel chegou, e papo vai e papo vem, ela nos convidou para um jantar no dia seguinte. Fiquei toda animada, isso significaria conhecer um lado mais nobre da cidade e também conhecer a rotina de uma típica parisiense. Eles falavam francês, claro, e entre uma frase e outra eu ouvi: “Depois levo vocês de carro”. O que? Eu ouvi bem? Andar de carro em Paris? Uhuuuuuuu! Que sonho, que glamour! Não julgue a minha superficialidade, é que eu nunca tive essa oportunidade. Carro não é coisa de suburbana, sempre andei no transporte público aqui. Aliás, descobri que as francesas são magras ou de pernas definidas porque anda-se muito por aqui nas ruas, nas baldeações do metrô, e quase todas as estações do metrô possuem escadas (não rolantes). Isso significa: descer e subir muitas vezes = uma perna definida = tchau Pugliese.

No dia seguinte eu fui ao MERCADO (para variar) e aproveitei para comprar uma sobremesa e um suco para levar no jantar. Já que é para visitar à sociedade parisiense, vamos ser educados, né? Meu marido chegou em casa e olhou o que eu comprei. A sobremesa, ok (era tipo um bolo sorvete). Mas o suco... Descobri que eu comprei o X-Tapa francês. Não leve a mal, eu já tomei muito X-tapa na vida comendo pastel, mas, eu errei! Não dá para levar X-tapa num jantar desse. Passamos no mercado e ele escolheu uma marca melhor.

Chegamos à casa dela! Que casa bonita! Não era grande, mas a decoração possuía muitos quadros e souvenirs, com fotos da família e também livros. Isso é um dom dos franceses, transformar um ambiente pequeno em algo acolhedor e bem decorado. Diferentemente do Brasil, a TV não é a peça central da sala. Havia uma TV na sala, mas tão escondida que eu demorei para reparar. A casa fazia parte dela e sua personalidade estava impressa em cada detalhe. Algo muito legal de explorar. Minha questão era ter muita concentração para não esbarrar e derrubar nada, ou seja, controlar milimetricamente meus movimentos. Entretanto, enquanto conversávamos ela nos mostrou um porta-retratos de prata (ou imitação de prata), com a foto de suas filhas. Fui colocar de volta no lugar e derrubei o objeto na mesa. Samuel olhou com cara de pânico para mim. Mas, não quebrou nada e tudo ficou ileso (inclusive meu casamento).

O típico jantar francês teve: muita conversa nos sofás da sala, durante um “couvert”. Depois passamos para a mesa e tivemos o prato principal: almôndegas, alcachofras cozidas e arroz. Depois disso, veio o prato derradeiro: uma salada de folhas verdes escuras (não sei o nome daquilo), junto com uma baguete e dois tipos de queijos. Nessa hora, fui cortar a baguete com uma faca que na verdade era um canivete. Coloquei o lado errado e quando forcei, a parte cortante veio na minha mão. Que susto! A dona da casa ficou olhando, com medo de eu ter que ir para o hospital (só faltava essa, hein, gente?). Mas não aconteceu nada dessa vez, também. Obrigada Jesus! Obrigada Senhor Deus dos pobres sem nenhuma classe, como eu sou.   
Voltando ao Menu, por último foi a sobremesa: uma salada de frutas e o bolo sorvete que levamos. Cada prato foi servido em uma louça diferente e eu fiquei calculando quanta coisa aquela mulher lavaria depois... São  3 pratos para 3 pessoas, mais os recipientes da comida, mais os talheres, os copos (dois para cada pessoa: um para suco e outro para água). Uau! Ainda bem que o jantar não foi na minha casa!

Durante o jantar estava bem concentrada em todo aquele francês. Mas o jantar acabou, voltamos para os sofás e o papo francês continuou. Prestar atenção e raciocinar daquele jeito é muito cansativo. Então, foi me dando sono... Eu fui me acomodando bem no sofá, e olhava para o Samuel e a senhora conversando. O que eu escutava era em câmera lenta: Blá... blá... bláaaaaaaa. Eu não entendia mais nada! Só me concentrava para não dormir ali na frente dos dois e para parecer totalmente entendida da conversa. 
Depois de algum tempo, levantamos para ir embora, e ela cumpriu a promessa. Disse que nos levaria de carro. Ai meu Deus, que emoção! Entrei no carro, e andei pelas ruas da cidade como se fosse uma boba! Avistei a torre Eiffel toda iluminada e quase chorei. Quanta bobagem romântica, né? Mas, deixa eu ter um pouquinho de imaginação na minha realidade... Agora sim avistei a cidade das luzes.

Au revoir, gente!
Beijos da suburbana



4 comentários:

  1. Oi Linda, tudo bem? Estamos recebendo atualizações do seu blog.
    Beijos de nos três - Rogério, Marina e Ana Beatriz.

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    1. Ahhhh, que legal, Rogério!!! Beijo nos três... saudade!

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  2. Continuo não identificado no seu blogue, mas amando ler cada dia. Bjks pros 2...
    Tio M@rcelo

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    1. Oi, tio! Que estranho, eu mudei o parâmetro... Vou dar uma olhada novamente!
      Um beijo e obrigada por ler!

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Hívina