Paris, segunda semana
Bonjour, leitores!
No concerto realizado no último
domingo encontramos uma antiga corista do Samuel (meu marido). Enquanto ele
guardava as coisas, limpava a flauta e coisas do tipo, ela me abordou e
perguntou se era esposa do Samuel. Entendi o francês, respondi, e elaborei
algumas perguntas também. Ela era tão gentil e tão compreensiva
do meu sotaque, que me esforcei para continuar a conversa. Obviamente ela
falava muito mais do que eu, mas demonstrava muita paciência para me esperar
raciocinar.
Meu repertório estava quase
acabando e meu marido não aparecia. Ele toca flauta transversal, um instrumento
pequeno, que cabe em uma mochila, relativamente simples de guardar. Fiquei imaginando
que se ele tocasse tuba ou bateria eu já teria cometido um homicídio da língua
francesa com aquela senhora. Cadê ele, gente? Ficamos quase naquela típica
situação do elevador, sabe? Você não sabe para onde olha, dá um sorriso
amarelo, comenta sobre o tempo lá fora, etc...
Samuel chegou, e papo vai e papo
vem, ela nos convidou para um jantar no dia seguinte. Fiquei toda animada, isso
significaria conhecer um lado mais nobre da cidade e também conhecer a rotina
de uma típica parisiense. Eles falavam francês, claro, e entre uma frase e
outra eu ouvi: “Depois levo vocês de carro”. O que? Eu ouvi bem? Andar de carro
em Paris? Uhuuuuuuu! Que sonho, que glamour! Não julgue a minha superficialidade,
é que eu nunca tive essa oportunidade. Carro não é coisa de suburbana, sempre andei
no transporte público aqui. Aliás, descobri que as francesas são magras ou de
pernas definidas porque anda-se muito por aqui nas ruas, nas baldeações do
metrô, e quase todas as estações do metrô possuem escadas (não rolantes). Isso
significa: descer e subir muitas vezes = uma perna definida = tchau Pugliese.
No dia seguinte eu fui ao MERCADO
(para variar) e aproveitei para comprar uma sobremesa e um suco para levar no
jantar. Já que é para visitar à sociedade parisiense, vamos ser educados, né?
Meu marido chegou em casa e olhou o que eu comprei. A sobremesa, ok (era tipo
um bolo sorvete). Mas o suco... Descobri que eu comprei o X-Tapa francês. Não
leve a mal, eu já tomei muito X-tapa na vida comendo pastel, mas, eu errei! Não
dá para levar X-tapa num jantar desse. Passamos no mercado e ele escolheu uma
marca melhor.
Chegamos à casa dela! Que casa
bonita! Não era grande, mas a decoração possuía muitos quadros e souvenirs, com
fotos da família e também livros. Isso é um dom dos franceses, transformar um
ambiente pequeno em algo acolhedor e bem decorado. Diferentemente do Brasil, a
TV não é a peça central da sala. Havia uma TV na sala, mas tão escondida que eu
demorei para reparar. A casa fazia parte dela e sua personalidade estava
impressa em cada detalhe. Algo muito legal de explorar. Minha questão era ter
muita concentração para não esbarrar e derrubar nada, ou seja, controlar
milimetricamente meus movimentos. Entretanto, enquanto conversávamos ela nos
mostrou um porta-retratos de prata (ou imitação de prata), com a foto de suas filhas.
Fui colocar de volta no lugar e derrubei o objeto na mesa. Samuel olhou com
cara de pânico para mim. Mas, não quebrou nada e tudo ficou ileso (inclusive
meu casamento).
O típico jantar francês teve:
muita conversa nos sofás da sala, durante um “couvert”. Depois passamos para a
mesa e tivemos o prato principal: almôndegas, alcachofras cozidas e arroz.
Depois disso, veio o prato derradeiro: uma salada de folhas verdes escuras (não
sei o nome daquilo), junto com uma baguete e dois tipos de queijos. Nessa hora,
fui cortar a baguete com uma faca que na verdade era um canivete. Coloquei o
lado errado e quando forcei, a parte cortante veio na minha mão. Que susto! A
dona da casa ficou olhando, com medo de eu ter que ir para o hospital (só
faltava essa, hein, gente?). Mas não aconteceu nada dessa vez, também. Obrigada
Jesus! Obrigada Senhor Deus dos pobres sem nenhuma classe, como eu sou.
Voltando ao Menu, por último foi
a sobremesa: uma salada de frutas e o bolo sorvete que levamos. Cada prato foi
servido em uma louça diferente e eu fiquei calculando quanta coisa aquela mulher
lavaria depois... São 3 pratos para 3
pessoas, mais os recipientes da comida, mais os talheres, os copos (dois para
cada pessoa: um para suco e outro para água). Uau! Ainda bem que o jantar não
foi na minha casa!
Durante o jantar estava bem concentrada
em todo aquele francês. Mas o jantar acabou, voltamos para os sofás e o papo
francês continuou. Prestar atenção e raciocinar daquele jeito é muito
cansativo. Então, foi me dando sono... Eu fui me acomodando bem no sofá, e
olhava para o Samuel e a senhora conversando. O que eu escutava era em câmera
lenta: Blá... blá... bláaaaaaaa. Eu não entendia mais nada! Só me concentrava para
não dormir ali na frente dos dois e para parecer totalmente entendida da
conversa.
Depois de algum tempo, levantamos para ir embora, e ela cumpriu a
promessa. Disse que nos levaria de carro. Ai meu Deus, que emoção! Entrei no
carro, e andei pelas ruas da cidade como se fosse uma boba! Avistei a torre
Eiffel toda iluminada e quase chorei. Quanta bobagem romântica, né? Mas, deixa
eu ter um pouquinho de imaginação na minha realidade... Agora sim avistei a
cidade das luzes.
Au revoir, gente!
Beijos da suburbana
Oi Linda, tudo bem? Estamos recebendo atualizações do seu blog.
ResponderExcluirBeijos de nos três - Rogério, Marina e Ana Beatriz.
Ahhhh, que legal, Rogério!!! Beijo nos três... saudade!
ExcluirContinuo não identificado no seu blogue, mas amando ler cada dia. Bjks pros 2...
ResponderExcluirTio M@rcelo
Oi, tio! Que estranho, eu mudei o parâmetro... Vou dar uma olhada novamente!
ExcluirUm beijo e obrigada por ler!