Paris, terceira semana
Bonjour, gente!
Essa terceira semana em Paris foi
bem corrida! Após andar de carro pela cidade, me deparei com uma cena
interessante num lugar um tanto mais popular: o metrô. É muito comum ver
músicos se apresentando nos corredores das estações. Há até um mini “concurso”
feito para escolher quem poderá tocar nestes locais e os ganhadores ficam
autorizados a se apresentar e podem angariar seus fundos, que eu prefiro chamar
de couvert artístico em vez de gorjeta ou esmola. Fato é que não é comum eles
tocarem dentro do vagão do metrô, e sim apenas nos corredores das estações.
Pois bem, Samuel e eu pegamos o metrô e eis que em uma das paradas uma
senhorinha entra com uma caixa de som e microfone em um carrinho, acompanhada
de um senhor com escaleta, aquele instrumento que parece um “mini teclado” e
que também é soprado (músicos, não fiquem bravos!). Ela coloca o playback e
começa a cantar música francesa. Minha vontade é de rir muito, por conta da
situação engraçada. Samuel fica contido e olha sério para mim, com puro medo de
acharem que eu estou zombando. Estava zombando nada, é que uma senhora cantora,
dentro de um vagão em Paris? Eu ainda sou meio turista, não estou acostumada.
Após a música francesa, ela escolhe a da sequência e o vagão inteiro começa:
“Nossa, nossa, assim você me mata, ai, se eu te pego, ai, ai, se eu te pego...”
Michel Teló, obrigada! Nem Samuel aguentou! Todo mundo começou a rir e a
dançar, nem que seja mexendo os pés. Ela cantou a música inteirinha em
português perfeito, fiquei bem impressionada. E, me senti mais perto do meu
povo.
Mudando do metrô para a parte da
comida, algo muito importante na minha vida, jantamos na casa de amigos no
último domingo e o menu teve “lasanha”. Ai, que delícia, comida brasileira!
Quer dizer, comida italiana, mas que lembra tanto nosso Brasil que podemos
chamá-la quase de brasileira. Não sei vocês, mas eu sempre como lasanha nas
festas de final de ano. Acho que esse prato tem um “quê” de nobre para nós
suburbanos.
Esse jantar com lasanha me fez
lembrar de algo engraçado. Quando eu era pequena e não sabia ler, aprendia as
coisas principalmente repetindo os outros (como a maioria de todos nós, eu
acho). Isso se aplica nos gestos e
movimentos e na linguagem. Enfim, eu gostava muito de cantar, então, repetia a
letra das músicas de acordo com o que ouvia. Descobri que eu tinha uma
imaginação bem fértil e também um ouvido bem ruim (isso não é mais novidade).
Meu irmão me contou que eu cantava músicas com letra sem sentido nenhum. Como
por exemplo, “Lálá, está chovendo na lasanha...” Ou, uma outra que dizia: “Um
barquinho na floresta, de Jesus o Rei dos Reis...” Oi? Chovendo na lasanha?
Barquinho na floresta de Jesus? Meu irmão tirava o maior sarro de mim, dizia
que eu era a pior compositora de todos os tempos. Eu não concordava porque eu
não lembrava de ter inventado nada.
Anos mais tarde, estava vendo televisão e,
passando pelos canais, ouço uma música: “Lá,lá, está chovendo na fazenda...”
Para tudo!!! Essa era a música, gente! Eu não estava doida! Saí toda feliz
contando para o Saulo (meu irmão) que essa era a minha música e que eu só tinha
mudado a letra um POUQUINHO. A música do barquinho eu confesso que ainda não
achei...
Mas isso não para por aqui. A
maior heresia de todas foi na Igreja. Lembro de um hino muito bonito, o número
44 do livro, que começava assim: “Amaste a mim, Senhor, ainda cintilante...”
Fato é, gente, que eu cantava de outra forma: “A Márcia Bin, Senhor, ainda
cintilante...”
Márcia Bin era a regente do coral,
mãe de amigas minhas. É mulher de personalidade forte, muito inteligente e
culta. Eu cantava o hino e imaginava a Márcia toda cheia de purpurina, afinal a
letra dizia “cintilante”. Eu afirmava a mim mesma que ela deveria ser mesmo
muito importante para Deus, afinal estava no hinário da Igreja Presbiteriana
Independente de todo o Brasil.
Quando eu comecei a ler e
descobri o que eu cantava fiquei feliz de ninguém ter descoberto tamanha
atrocidade. E quando me tornei adulta sem vergonha contei essa história para a
Márcia, que riu muito!
A Sra. Bin atualmente é avó e dá show regendo o coral
das crianças. Acredito que minha letra adaptada era na verdade uma profecia,
Márcia é muito cintilante com esses netos e com toda essa criançada.
Um excelente final de semana para
você, com muita lasanha e purpurina!
Ah, bom CARNAVAL aí no Brasil!
Au revoir,
Hívina
Vivi , amei !!!!! A descrição da sua "profecia" foi fantástica !
ResponderExcluir:)
Beijos.
Saudades .
Obrigada, querida! Beijos!
ExcluirRi muito; chorei;
ResponderExcluirme envaideci; me emocionei.
Amo. Saudade. ]
Beijos
Aiiii, aiiii! Saudade, tia Márcia!
ExcluirTo amando suas Histórias.<3 Morri com a Parte da "A Márcia bin" hahahaha
ResponderExcluirque bom!!! ;)
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